Thursday, October 09, 2008

Do que cai pelos olhos e não me sai pela boca porque está preso na garganta

Sou supersticiosa. Não tenho medo de gatos pretos, não tenho azar nos dias 13. Não tenho problemas em partir espelhos nem em passar de baixo de escadas. Mas quando o meu coração dispara por certos arrepios que lhe passam isso significa sempre que vai dar merda. E geralmente, quem sai mal sou eu.
O meu coração sempre foi o meu mais fiel companheiro. Quando ele diz que é assim, bem posso eu virar o mundo às avessas, que nada muda. Ele não me engana. Isso é certo. E bem vistas as coisas até tem o seu encanto, porque quando ainda a maioria das coisas não se apresentaram à realidade, já o meu coração me tinha avisado, ou seja, eu já sabia. Sempre foi assim, desde que me lembro de existir. Deve ser por isso que eu sempre levei a vida demasiado a sério. Não devia. Devia libertar-me mais, viver mais…
Devia saber lidar melhor com as emoções, com os nervos, com os ciúmes, com os amores, com as amizades. Mas quando o meu coração grita, não há nada a fazer.
Devia explodir mais vezes, ralhar mais vezes, ser intolerante mais vezes. Porque o mundo inteiro pode ser assim comigo, mas quando eu dou uma pausa ao meu coração e o deixo sangrar e chorar cá para fora, o mundo inteiro rebenta em cima da minha alma.
As minhas superstições são apenas receios e anseios que vêm de dentro de mim. Não é nada de mais concreto do que um simples arrepio… Coisas minhas, da minha maneira de ser, se calhar. Nem sei explicar. Sei apenas que é assim.
Apesar de tudo, insisto em dar mais voz à razão, dar-lhe mais tempo de antena na minha vida. Quando quem mais me acompanha é o meu coração. Ele sim não me engana, ele sim me diz como as coisas são, de verdade. E eu insisto e sou LITERALMENTE forçada em dar apenas ouvidos à razão. Não vá o mundo em que estou metida desabar. Mesmo sabendo que a razão (essa puta falsa e traidora) apenas me faz viver num mundo de ilusão, de fachada. A mim e a todos que teimam em que se prevaleça nessa realidade moralista que a razão tanto preza. Ou lhe dou ouvidos, ou dou em doida…porque não há quem entenda as minhas superstições.

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