Saturday, August 30, 2008

What time is it?

Tempo para pensar, para fazer, para descobrir. Tempo para a fruta amadurecer, para a vida se fazer gente, para o beijo se soltar. Tempo para recuperar, para recompôr, para entender. Tempo para ser, para viver, para estar. Quantos são os tempos que a vida tem? De quantos tempos precisamos para sermos nós, para seguirmos os nossos caminhos? O que fazemos nós com o tempo e em que tempo vivemos? O tempo é o maior segredo da nossa existência, a pérola sagrada, a chave que decifra os códigos e, no entanto, continuamos a jogar com ele, a usá-lo em proveito de particularidades momentâneas, sem o respeitarmos e sem fazermos dele o proveito correcto para a nossa vida. Damos tempo, uns aos outros, com a prepotência de quem tem a certeza de que o tempo se oferece. Perdemos tempo indiscriminadamente com pormenores e relatividades com a ousadia de quem possui o tempo todo (quanto é o tempo todo?). E só quando o tempo se esgota, de repente, e sai da vida de alguém, é que conseguimos, por escassos momentos, entender que o tempo que se tem é nada, porque não se tem, nunca se teve, nunca se terá. E é aí, que as almas maiores, conseguem libertar-se e entregar-se ao tempo.



Friday, August 29, 2008

Hoje foi ela que me levantou do chão



A música há-de ser sempre em mim, a força maior. A música há-de ter sempre em mim uma razão para ser e para eu ser. A música traz-me gente e faz-me gente. Leva-me a novas vidas e traz-me novas e velhas emoções. A música há-de ser sempre a minha catarse, o meu caminho, o meu encontro, o meu segredo, o meu único momento, o meu único local. A música é minha irmã, minha alma gémea, meu nascer e renascer. É a amizade do momento certo, é o amante escondido, é a gargalhada da criança, é a lágrima e o choro compulsivo, é o abraço seguro, é a lembrança e a descoberta. É a memória e o cheiro da esperança da história que ainda está para vir.

Vá-se lá saber porquê...

Foto by Waatson

Teimoso subi ao cimo de mim e no alto rasgei as voltas que dei. Sombra de mil sóis em glória cobrem todo o vale ao fundo. Dorme meu pequeno mundo. Como um barco vazio p'las margens do rio, desce o denso véu lilás, desce em silêncio e paz, manso e macio. Deixa que te leve assim tão leve. Leve e que te beije meu anjo triste. Deixo-te o meu canto canção tão breve, brando como tu amor pediste. Não fales, calei. Assim fiquei. Sombra de mil sóis cansados crescendo como dedos finos a embalar nossos destinos

Leve Beijo Triste - Paulo Gonzo

Thursday, August 28, 2008

A conta, s.f.f.

Foto de Ted Adams

Porque deste lado os preços a pagar são sempre altos. Porque não há promoções para os sonhos, não há descontos para as ambições, não há saldos para a felicidade. Porque deste lado ainda se aposta alto no mundo da ilusão, esquecendo-se que o verdadeiro jogo é menos real que tudo o resto e a factura é sempre cara.

A propósito*


Foto de Xavier Baglins


Nomeei-te no meio dos meus sonhos
chamei por ti na minha solidão
troquei o céu azul pelos teus olhos
e o meu sólido chão pelo teu amor
[Ruy Belo, 1933-1978]




*...de uma conversa telefónica, ontem à noite, com a descoberta deste nome maior da poesia nacional e a proposta de uma noite dedicada a ele.

Monday, August 25, 2008

Música Obrigatória

Daquelas que nos levam às noites em que os olhares se cruzam por entre o fumo das estrelas e através do brilho dos sons...envolvência, sedução e movimento

Nos momentos mais escondidos

Tu és a Sombra do Vento

Monday, August 18, 2008

Em duas palavras:

E se de repente lhe aparecesse alguém, no seu local de trabalho, que lhe desabafa que resolveu fazer um estudo para comprovar que "O comando automático do portão da garagem do meu vizinho é a principal causa das minhas dores de cabeça" e que para esse estudo resolveu dormir durante 8 (oito) dias na garagem (não dormiu mais porque ao oitavo dia já não podia com dores de cabeça)? E que esse mesmo alguém lhe explica que arrancou todos os dentes da boca porque "os dentes só nos trazem é problemas à saúde" e que a base da sua alimentação é àgua de cozer peixe (porque o peixe depois de cozido vai para o lixo, não presta)...em duas palavras senhores ouvintes: ME DO!!!!!!!!!!!

"Isto há-de passar" - parte II

I’m running away from me.
I’m hiding of myself.
And I’m sure that one day, one moment,

I’m going to open my eyes, and let them fall into the worst truth…
The truth is that I’ve been losing my time.

Foto d'aqui

Thursday, August 14, 2008

Pausa


E há lá coisa melhor que uma pausa de 3 dias em pleno mês de Agosto, para quem só terá férias em Outubro, ao fim de dois anos a trabalhar (sem férias nenhumas...). Mesmo que não seja para ir à praia...

Wednesday, August 13, 2008

Breve explicação da minha deslocação do meio social ou de como eu nasci no tempo errado*

Elogio ao Amor**
"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."
*Nada que eu não soubesse, apenas fico muito feliz por descobrir quem me entenda e quem me (de)escreve assim tão bem
** Miguel Esteves Cardoso, in "Crónicas" no Jornal Expresso

Tuesday, August 12, 2008

Agora

O dia está cinzento. Como a minha alma. Porque está neutra. Porque está melancólica. No fundo foi sempre assim. Deve ser por isso que estes são os meus dias preferidos. Vendo bem o que lá está ao fundo são Castelos. De areia. Feitos com paredes de sonhos e janelas de ilusão.

As portas (desses Castelos) são erros. Há quem entre uma vez e não mais volta a entrar. Há quem persista no erro por acreditar que é uma verdade. (Há erros que se cometem por serem verdades invertidas ou porque mesmo o maior dos erros tem o seu quê de verdade).

Insisto em esperar por ti, Verdade. Mesmo que isso implique em esperar sozinha.

Fotos d'aqui

Monday, August 11, 2008

And if you look, you look through me*

E o que é que eles te dizem? Já que eles dizem sempre tanta coisa. E eu que sempre os achei tão discretos e eles acabaram por me traír. Acabam sempre por me trair. Quando eu acho que eles contam histórias, no fundo eles estão a gritar segredos.

*U2 - Stay (far away so close)

Friday, August 08, 2008

Tal como eu costumo dizer...

David Bowie - 61 anos

Madonna - 50 anos

Sting - 57 anos

Demi Moore - 46 anos

...A teoria do Vinho do Porto...Confirma-se. E depois venham cá dizer-me que o melhor da vida não começa depois dos 30!

Thursday, August 07, 2008

Quem dá mais?

Oferece-se: Dôr de cabeça. É latejante, determinada, pontual, rigorosa, indiferente a analgésicos e intensa. Dura aproximadamente 3 dias e não costuma relacionar-se muito bem com a luz nem com o som. Aproveitem, oportunidade única!



Wednesday, August 06, 2008

"Isto há-de passar..."

Nunca pensei que ia chegar a um dia em que tinha de assumir uma máscara. Nunca acreditei em máscaras. O que me vai na alma sempre foi intenso e eu sempre fui muito verdadeira para mim própria. Mas há sempre um dia em que se acorda para outro lado. E eu acordei para mil direcções. As frases feitas que sempre neguei fazem agora mais sentido que qualquer Código ou Lei. A vida tirou-me o tapete debaixo dos pés, abriu um buraco profundo e eu não sei onde me agarrar.
O pior de tudo é não poder dizer o que sinto, porque na maior parte dos minutos nem eu própria sei. Não posso dizer porque não se entende, não posso falar porque não se compreende. Resta-me apenas aninhar-me silenciosamente atrás de uma máscara do que fui ou do que nunca vou deixar de ser, mas não daquilo que neste momento sou.


Monday, August 04, 2008

O que é efémero?



Para a Maria João Perre que me ensinou o que é a força de sermos nós próprios e para todos os que à minha volta me ensinam todos os dias que efémero é aquilo que devemos esquecer porque, não há força maior do que a coragem de sermos verdadeiros...e é isso que dura para sempre.

Músicas

Somos tão novos, diz o homem
e agora é a vez de a mulher se impacientar
essa frase já começa a tresandar
é que não é só uma questão de idade
o amor não é o bilhete de identidade
é eu ou tu, seja quem for, ter vontade
de mudar e deixar mudar*




* 2º andar direito - Sérgio Godinho