Friday, December 05, 2008

O roubo.

Felizmente ainda existem almas que escrevem assim, que fazem o favor de deitar cá para fora, em letras e linhas, aquilo que, a maior parte de nós sente e não consegue transmitir ou exprimir. Felizmente, eu tenho o privilégio de conhecer pessoas assim... Roubei este texto, à descarada, daqui e permitam-me agradecer à Miss K pela pessoa encantadora que ela é e claro, por escrever-me(nos) assim tão bem!

Ama-se alguém quando se sente o corpo dobrado em pedaços de cada vez que o outro vai embora. Ama-se alguém quando se chora, a qualquer hora, por tudo e por nada. Ama-se alguém quando queremos dar o melhor de nós. Mas só se ama alguém se também dermos o pior. Ama-se alguém quando um dia não chega para gastar sorrisos, ou quando uma noite é mais curta que a chama de um cigarro. Ama-se alguém quando se perdeu o medo. Ama-se alguém quando o medo se multiplicou. Ama-se alguém quando a dor do outro é a nossa dor, ou quando a fome do outro é a nossa fome. Ama-se alguém quando, de mãos dadas, se procuram escadas para o vazio. Ama-se alguém quando se duvida de tudo, mas também quando não se acredita em nada. Ama-se alguém quando, a meio de uma discussão, a nossa vida deixa de fazer sentido. Ama-se alguém quando se anseia pelo beijo não dado, ou pelo abraço perdido. Ama-se alguém quando as coisas mais ridículas nos passam a fazer sentido. Mas só se ama alguém quando aquilo que rejeitávamos agora recebemos de braços abertos. Ama-se alguém quando não se disse tudo e o mundo acaba. Ama-se alguém quando se sofre até as veias rebentarem de dor. Ama-se alguém quando se vive à espera. Ama-se alguém quando os pensamentos do outro são os nossos pensamentos. Ama-se alguém quando o olhar do outro não quer sair do nosso próprio olhar. Ama-se alguém quando se diz a primeira palavra. Ama-se alguém quando se quer mais vida do que esta. Ama-se alguém quando o acordar só faz sentido a dois. Ama-se alguém de manhã, à tarde, à noite, de madrugada, a qualquer hora ou minuto. Ama-se alguém quando se ama a toda a hora. Mas só se ama alguém quando o adeus nos esmaga contra uma parede. No fundo, só se ama alguém quando o outro já somos nós, e foi um só que escreveu isto...

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