Andava eu a vaguear quando descubro, entre outras inúmeras coisas, isto...apenas me ocorre que nós estamos todos divididos em mil outros eus e que as nossas histórias são vividas em todos esses outros nós.
Secretly
Desculpa-me se voltei a acreditar. Não digas a ninguém, é segredo. Perdoa por me ter perdido entre poemas que não são meus – sempre à procura do teu cheiro. Por não saber dizer do brilho dos teus olhos pequeninos e da grandeza do sorriso que me roubaste. Tu não sabes. Shiuuuu. Desculpa se ainda lembro todas as palavras e gestos – guardo as tuas mãos nos meus ombros – e deixa que também eu te abrace sem medo de cair. Esquece o que não te disse e ignora se rio demais. Não repares se enrolo o cabelo enquanto falo ou se brinco com o anel que trago no dedo. Não adivinho esse olhar dourado preso a mim. Quase a revelar segredos. E um arrepio sincero quando me notei reflectida. Eu não sou feita de improvisos, sou feita de tristezas – medos que escondo atrás do espelho. Estou cansada de dançar sozinha. De procurar o meu vazio nos braços dos outros. Em ti, encontrei vida: a claridade de um momento feliz. Um cigarro trémulo. E agora escrevo. Desculpa-me por escrever desejos e cobardias que não sei calar. E já nada te afasta, as palavras abrem-se como caminhos na minha pele, e a tua voz flutua lentamente na memória. Até cair em vertigem nos meus sonhos mais luminosos. Experimento um grito que te chame e tento abrir os olhos mas resta-me a invisibilidade das noites (im)possíveis. Apetece-me um lugar onde me possa comover, uma janela para o (teu) mundo, onde possa chorar a alegria de te ver. De olhos despertos para um coração desmantelado. Preciso arder contigo, quero o teu rosto junto ao meu, outra vez. Numa dança qualquer. Deixa-me afogar na doçura deste erro. E desculpa (esta insistência cega que geme baixinho) se te levo comigo.
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2 comments:
ohhh... :) obrigada pelo destaque e pelo carinho! é bom saber que os outros se identificam com as nossas palavras, de uma maneira ou de outra! :p
... ou Como existem almas feitas da mesma massa ...
estas descobertas quase sempre acidentais fazem-nos sentir um bocadinho mais normais - especiais - compreendidos ... né? :)
beijinho grande*
Eu é que agradeço, acredita!
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