Muito se tem escrito e dito sobre essa eleição de Oliveira Salazar como O Grande Português. Vou tentar não fazer o mesmo, mas como a notícia me deixou demasiado perturbada, não posso deixar, por completo, de fazer uma brevíssima observação, porque não se deve dar demasiada atenção a coisas destas.
Primeiro que tudo, devo desde já referir que não fui espectadora do dito programa, pois como historiadora que sou, no actual exercício das minhas funções profissionais e, à semelhança de outros grandes historiadores, também caracterizo este programa como uma manipulação, já para não falarmos em erros graves a nível de cronologia e da própria reconstituição visual, assim como o facto de nem sequer se ter referido o nome de Egas Moniz para o dito concurso, pois, assim de repente, parece-me que foi vencedor de um tal Prémio Nobel de Medicina (tipo saúde, médicos, aquela cena de salvar vidas e tal...).
Passo a citar:
"A unir os académicos, entre os quais se conta José Mattoso, Luís Reis Torgal e António Reis, está o desagrado acerca da «manipulação» e do «desmantelamento da memória» que dizem ser cometido pelo programa Grandes Portugueses, transmitido na RTP."
Mais, "«Nenhum historiador se pode sentir bem ao ouvir dizer que a maior glória de Afonso Henriques foi ter fundado um país que conseguiu chegar às finais do Euro 2004», declara o académico [Fernando Rosas](...)"
Mas enfim...
Quanto ao resultado em si, julgo que não há absolutamente nenhum comentário a fazer...é demasiado grave. É ainda mais grave que ver míudas de 20 e tal anos que não sabem quem foi Gorbatchev, ou quais são as regiões autónomas do país onde moram...ou aliás, se calhar é exactamente por míudas destas é que o resultado do dito programa foi o que foi...
E não me venha, com histórias de que isto foi um aviso à navegação actual do nosso governo porque eu sobre tudo isto deixo apenas 3 sugestões, e termino, que já me alonguei demasiado por um tema que nem sequer merece atenção...
1º - Aos senhores e senhoras portugueses que se queixam dos actuais governos e do actual funcionamento estatal do nosso país, lembrem-se antes de mais que, O ESTADO SOMOS NÓS...quem lá está, só lá está porque foi eleito por nós... portanto, se o desempenho de quem supostamente trabalha para nós não é do agrado de muita gente, sigam o exemplo de Salgueiro Maia: tenham tomates e combatam o que está errado, saibam fazer valer os vossos direitos, façam ouvir a vossa voz. (Aceito apostas para a percentagem de cidadãos que já reclamou, criticou e usufruiu dos seus direitos de liberdade de expressão através dos Provedores, Livros de Reclamações, e-mail das respectivas Câmaras e demais repartições governamentais...).
2º - Aos senhores e senhoras portugueses que se queixam dos actuais governos e do actual funcionamento estatal do nosso país sugiro que emigrem, mas de vez, para um dos seguintes destinos: Serra Leoa, Birmânia (ou Myanmar), Burkina Faso, é só escolherem um destes paraísos tropicais
3º - Aos senhores e senhoras portugueses que se queixam dos actuais governos e do actual funcionamento estatal do nosso país e que sentem falta de Salazar, relembro-os, que só há uma maneira de estarem com ele outra vez:
Nota: As citações foram extraídos de um artigo do jornal Sol em http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=24012
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